COLABORE COM A APAE

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terça-feira, 1 de setembro de 2015

ARTIGO ELABORADO NA ESAG SOBRE A APAE DE PRES.GETÚLIO



esse artigo FOI elaborado POR acadêmicas do Curso de Administração Pública pela ESAG/UDESC. Esse artigo aborda o trabalho de coprodução da APAE. (Esse artigo foi avaliado com nota 9, sendo o segundo melhor trabalho da turma). INFORMO QUE O TRABALHO ENCONTRA-SE FORA DO FORMATO ORIGINAL DEVIDO AS CONFIGURAÇÕES DO BLOG. EXCELENTE LEITURA.


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ESCOLA SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E GERÊNCIA – ESAG
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA



Bianca Carolina Hilleshein
Luciana Lopes
Lunara Stollmeier Pandini
Maria Fernanda Kuhnen Dutra


COPRODUÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Associação de pais e amigos dos excepcionais
“Flor da Esperança” – Presidente Getúlio (SC)


FLORIANÓPOLIS
2015


A Administração Pública utiliza diferentes estratégias para a produção dos serviços públicos, executadas por diversas instâncias da sociedade, entre as quais se destacam as organizações burocráticas públicas e privadas, as organizações do terceiro setor, os grupos não formais e os cidadãos. Essas instâncias podem produzir serviços isoladamente ou em rede. As redes de produção dos serviços públicos estão cada vez mais presentes na sociedade e configuram o que alguns estudiosos chamam de coprodução dos serviços públicos.
A coprodução dos serviços públicos é um fenômeno complexo, que envolve diferentes atores e dá à Administração Pública uma nova perspectiva, pois cria um elo entre a participação do cidadão e a produção dos serviços públicos.
Assim, esse trabalho tem por objetivo, proporcionar um melhor entendimento da coprodução em si, e dos diversos indicadores de sua existência, a partir de estudo realizado em uma Entidade de interesse público, nesse caso a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) Flor da Esperança de Presidente Getúlio, Santa Catarina (SC).



Tendo como objetivo a verificação da existência de coprodução, o presente artigo foi elaborado com base em pesquisa bibliográfica, tendo como foco da pesquisa documental, o Plano Municipal de Educação (PME) de Presidente Getúlio – SC, que proporcionou um melhor entendimento dos assuntos mais relevantes a Educação Especial, relacionado aos conceitos de coprodução.
Também foram utilizados livros pertinentes ao tema e textos disponibilizados na disciplina de Coprodução de Serviços Públicos, além de artigos publicados e encontrados na internet. Além disso, ocorreu uma entrevista com o diretor da Instituição, a fim de complementar os dados obtidos, conhecer melhor o dia a dia da APAE, verificar os indicadores e ter maior conhecimento da própria entidade e de suas interações com os diversos setores da sociedade.
No decorrer do artigo, serão apresentados conceitos relacionados com o tema, referencial teórico, e posteriormente, os detalhes do caso em estudo, análise dos dados, resultados e discussões.


Para Menegasso, Salm e Ribeiro (2007), a coprodução do bem público envolve a participação ativa e direta do cidadão nos processos de elaboração, desenho, implementação e avaliação das políticas públicas voltadas ao interesse público e à construção do bem comum. “A produção de serviços públicos demanda, cada vez mais, o envolvimento ativo dos cidadãos, compartilhando responsabilidades e trabalhando em cooperação para a implementação das políticas públicas”. (DENHARDT e DENHARDT, 2003).
Entre os diversos autores que tratam da questão do envolvimento do cidadão, participando de alguma forma da produção da política pública, cabe citar Whitaker (1980), que propõe três situações ou circunstâncias em que pode ocorrer a coprodução: a) quando os cidadãos solicitam assistência aos agentes públicos; b) quando os cidadãos oferecem assistência aos agentes públicos; e c) quando cidadãos e agentes interagem para ajustar suas expectativas sobre a prestação dos serviços ou das ações.
            No primeiro caso “requisição de assistência”, o cidadão faz a requisição do serviço, demandando a assistência ao órgão público responsável. O movimento parte do cidadão para o setor público. Cidadãos e agentes públicos encontram-se sob tensão entre a identificação daquilo que o cidadão solicita e os julgamentos e interpretações do agente sobre esta solicitação. Neste ponto Whitakerdeixa claro que os agentes públicos devem se guiar pela lei e considerações de equidade, bem como pelas solicitações do indivíduo. Isso ocorre porque os servidores públicos têm fé pública e devem exercer a accountability de seus atos no uso dessa responsabilidade. Significa que deve haver um equilíbrio entre a solicitação do cidadão e a discricionariedade do servidor, que deve deixar claro o embasamento de seus atos.
No segundo caso "cooperação com agentes", os cidadãos dão assistência aos agentes públicos. O movimento parte do sentido contrário ao do primeiro caso. O órgão público vai ao encontro do cidadão, que empresta seu apoio e cooperação ao setor público, auxiliando-o no atendimento a uma demanda. Esse apoio ou cooperação deve ser consciente e voluntário, pois é um importante meio para influenciar políticas públicas.
No terceiro caso "negociação com agentes",a interação entre agentes e cidadãos ocorre por meio de ajustamentos mútuos. Nas trocas realizadas por meio dessa interação, cidadãos e agentes dividem a responsabilidade pela decisão de suas ações, fato que gera maior legitimidade a seus atos, atendendo à accountability que é exigida nos processos contemporâneos de governança. “A participação dos cidadãos por meio desse ajustamento mútuo de expectativas é uma maneira de tornar os serviços mais efetivos”. (DENHARDT e DENAHRDT, 2003).
Na perspectiva econômica, Brudney e England (1983) propõem o conceito de coprodução como um mix de atividades que os agentes de serviço e os cidadãos realizam em conjunto para prover os serviços públicos, uma iniciativa que concorre para a melhoria da eficiência dos custos e da qualidade dos serviços em tempos de dificuldades fiscais para o Estado. A partir desse conceito, os autores distinguem três tipos de coprodução: (1) a coprodução individual, (2) a coprodução em grupo e (3) a coprodução coletiva. A tipologia de coprodução sugerida por Brudney e Englandforma uma hierarquia de atividades de coprodução, em que cada grau é determinado pela natureza dos benefícios (individual, grupal ou coletivo) e o grau de sobreposição entre as atividades dos produtores regulares (regular producers-governo) e dos consumidores (consumers-cidadãos).
No nível inferior da hierarquia de Brudney e England, está a coprodução individual, que é definida como aquele tipo de participação em que o principal beneficiário da ação pública é o próprio indivíduo. Nesse caso, segundo os autores, os benefícios agregados para a pólis são mínimos, sendo difícil distinguir essas atividades da obrigação cívica regular. No segundo nível, está a coprodução em grupo, que envolve a participação voluntária de um conjunto de cidadãos, em um esforço de melhorar a qualidade e a quantidade dos serviços que consomem. No último estágio da hierarquia está a coprodução coletiva, em que os benefícios do processo são usufruídos por toda a comunidade, por meio de um ambiente de cooperação entre produtores regulares e consumidores. Neste estágio, segundo Brudney e England, a coprodução a ser alcançada seria "substancial". As ações de coprodução, na perspectiva econômica, aumentam de acordo com os beneficiários desta. Partem de uma individualidade, passando por grupos específicos de cidadãos que apoiam e dão suporte às iniciativas promovidas pelo setor público ou iniciadas em prol de seu interesse particular, atingindo um grau ótimo de benefícios para a comunidade quando exercida dentro de uma coletividade.
Outro modelo de coprodução ocorre quando os cidadãos e administradores públicos compartilham responsabilidade e trabalham juntos na implementação de políticas e programas públicos. Para Sundeen(1985) e Denhardt e Denhardt(2003), os conceitos de confiança, cooperação e compartilhamento de responsabilidades, juntamente com os ideais de comunidade e cidadania, são vistos como pressupostos da participação e do engajamento do cidadão no processo de construção de uma comunidade mais forte e participativa. Há, nesta visão, uma orientação para os atributos da construção de um espaço público pelas organizações, em que os cidadãos e administradores possam trabalhar em conjunto para a construção de políticas públicas.
Muito embora o processo de coprodução possa ocorrer tanto em nível individual quanto grupal ou coletivo (Brudney e England,1983), os benefícios substanciais e duradouros devem ser buscados pela participação coletiva, alinhando-se à busca de uma "participação autêntica" (Denhardt e Denhardt, 2003) ou de uma "participação direta do cidadão" (Roberts, 2004). Os ajustamentos mútuos entre a administração pública e o cidadão (Whitaker, 1980) também produzem resultados substanciais e melhoram a efetividade dos serviços públicos.
A partir dessas considerações e com base na discussão do pensamento dos autores referidos, é possível identificar, na figura 1, os pressupostos e os benefícios da coprodução e na figura 2, os limites e possibilidades.

FIGURA 1
Pressupostos
Benefícios
- Voluntariado
- Consciência
- Envolvimento positivo
- Comportamento ativo
- Participação coletiva
- Confiança mútua
- Compartilhamento de responsabilidade e poder
- Processo democrático
- Desenvolvimento humano
- Educação
- Terapia e integração
- Proteção à liberdade
- Redução de desigualdades
- Cidadania plena
- Accountability
- Melhora na confiança no governo


FIGURA 2
Limites
Possibilidades
- Romper com o modelo tradicional de prestação de serviços (governo provê bens e serviços para os cidadãos)
- Passar de um Estado gestor para um Estado cooperativo
- Visão de Estado apenas como instância de planejamento e gestão
- Crise de legitimidade das instituições públicas
- Dificuldade para a estruturação dos serviços
- Custo, concepção e qualidade do serviço
- Identificação dos usuários ou beneficiários
- Respeito à diversidade
- Estado responsável pela execução de uma política social ampla e profunda
- Utilização dos recursos públicos com responsabilidade
- Forma de controle e avaliação do serviço
- Problemas de definição das agendas públicas
- Espantoso quadro de exclusão social, política e econômica
- Desenvolvimento de condições políticas e sociais necessárias para a promoção do desenvolvimento sustentável
- Desenvolvimento de solidariedade local e planetária
- Excessiva velocidade de mudança e imprevisibilidade
- Dificuldade para as administrações públicas substituírem sua ação como agentes públicos por uma ação de agentes de cooperação
- Falta de transparência nas relações entre sociedade e órgãos públicos
- Dificuldades para o desenvolvimento de uma gestão participativa
- Limite na capacidade associativa dos atores
- Dificuldade de gerenciamento estratégico

- Prestação de serviços com qualidade
- Aprofundamento da democracia
- Novas modalidades de gestão
- Alocação de recursos para o atendimento de demandas específicas
- Aparato burocrático ágil e flexível
- Maior facilidade para coordenar e planejar
- Cooperar para a efetividade final dos programas
- Desenvolver ações que garantam os processos descentralizados e participativos e o resgate e consolidação da cidadania
- Participação do indivíduo ou grupo organizado nas variadas áreas de atuação da sociedade
- Desenvolvimento dos valores de justiça, democracia, igualdade, liberdade, solidariedade, cooperação e participação
- Estabelecimento de parceria e redes
- Governo, empresas privadas e ONGs na produção de bens e serviços públicos
- Indivíduos vinculados uns aos outros e com seu governo
- Fortalecimento de instituições capazes de garantir direitos
- Aparecimento em nível local de novas práticas sociais de formas de ação coletiva
- Criação por parte dos movimentos sociais de espaços de representação, interlocução e negociação
- Construção de uma noção compartilhada de interesse público
- Possibilidade de servidores públicos construírem relações de confiança e colaboração com e entre os cidadãos
- Consolidação do conceito de coprodução
- Prestação de serviços coletivos apreciados pela comunidade inteira
- Devolução do poder à comunidade
- Mobilização das forças da sociedade civil
- Cooperação entre cidadãos, empresas e entidades sem fins lucrativos


           
            Na expectativa da construção de uma nova perspectiva, como uma nova promessa a favor de melhorias na relação entre sociedade e o Estado e desenvolvimento da sociedade, em especial nos possíveis avanços no Brasil, surge o conceito de Governança Pública. Aliado ao fenômeno temporal da globalização evidenciou-se em conjunto dilemas sociais, ambientais, econômicos, políticos, culturais e pessoais, segundo Matias Pereira (2010), responsável por provocar fortes mudanças nas relações entre sociedade e Estado. Vale lembrar que a administração pública é o elo que mantém o funcionamento dos interesses na relação entre o Estado e a sociedade, possui a responsabilidade de propiciar os serviços públicos com qualidade aos interesses da sociedade.
            A atribuição teórica conceitual sobre o tema governança de alguns autores destaca-se a de Löffer (apud KISSLER, HEIDEMANN 2006, p.36) que trata a governança como uma nova geração de reformas administrativas e de Estado, que tem como objeto a ação conjunta, levada a efeito de forma eficaz, transparente e compartilhada, pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos problemas sociais e criando possibilidades e chances de um novo desenvolvimento futuro sustentável para todos os participantes. A consideração quanto narrativa do autor chama atenção principalmente para os seguintes termos utilizados: ação pública conjunta, a forma eficaz, transparente e compartilhada pelo Estado, problemas sociais e novo desenvolvimento futuro sustentável, sugere interpretação para uma descentralização política e a participação social na formulação e implementação de políticas públicas transformando as antigas estruturas governamentais. “O grande desafio da governança é transformar o espaço estatal em público, intensificando a articulação da ação governamental com setores privados e atores sociais na recondução do poder social em torno da formulação de projetos”. (IVO, 2001).
            A governança predispõe o aceite de novos arranjos institucionais diferenciados dos tradicionais na execução de políticas públicas, pois configura um modelo de relações em arenas compartilhadas, e em estudos respectivos fica evidente a perpetuação do alto grau de imagem externa positiva por ela provocada, como por exemplo, no caso das redes de políticas públicas que são autônomas e autogovernáveis, nas plataformas organizacionais de democracia deliberativa e as parcerias público-privadas. (SECCHI, 2009; KISSLER; HEIDEMANN, 2006). Não obstante existe uma lógica clara que no contrato social ocorre uma dependência na conformação de instituições, leis e normas que as conduzem e as regulem nos seus conflitos nas diversas arenas sociais. (BAQUERO 2008).
            Entretanto a perspectiva para a governança abre a possibilidade como opina Kissler e Heidemann (2006) como decisiva na transição do Estado gestor hierárquico, com ingerência na sociedade para o Estado cooperativo, que atua em conjunto com a sociedade e as organizações empresariais, por meio de parcerias estratégicas.Na forma prática Secchi (2009) argumenta que a governança pública disponibiliza plataformas organizacionais para facilitar o alcance dos objetivos públicos tais como o envolvimento de cidadãos na construção de políticas, fazendo uso de mecanismos de democracia deliberativa e redes de políticas públicas.
            A importância do capital humano para a promoção do desenvolvimento e diminuição das desigualdades socioeconômicas no Brasil ganha destaque nos estudos econômicos a partir da década de 1970. São privilegiadas as relações que o capital social estabelece com a sociedade, com o Estado, com as instituições de uma forma geral e com o indivíduo, tendo como objetivo demonstrar sua importância e alcance no âmbito das ciências sociais e econômicas.
            Bourdieu (1980) define o capital social como um conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão vinculados a um grupo, por sua vez constituído por um conjunto de agentes que não só são dotados de propriedades comuns, mas também unidos por relações permanentes e úteis. O volume de capital social que um agente individual possui depende da extensão da rede de relações que ele pode efetivamente mobilizar e do volume de capital (econômico, cultural ou simbólico) que é posse exclusiva de cada membro desse grupo.
            Coleman colocou o termo capital social na agenda intelectual, usando-o para realçar o contexto social da educação. O autor define capital socialcomo o conjunto das relações sociais em que um indivíduo se encontra inserido e que o ajudam a atingir objetivos que, sem tais relações, seriam inalcançáveis ou somente alcançáveis a um custo mais elevado. Esta definição permite compreender melhor como se dão as relações de confiança, favoráveis à ação coletiva organizada, existentes entre os membros de um grupo de pessoas. Sem deixar de considerar que os indivíduos podem se utilizar de capital físico e de capital humano para atingir seus objetivos, Colemanafirma que, na medida em que, entre os atores sociais, há interdependência, eles somente conseguem satisfazer alguns de seus interesses agindo conjuntamente.
            Dentro dos diversos tipos de relações sociais que o autor insere no conceito de capital social, encontram-se relações de expectativas e obrigações entre indivíduos que trocam favores; a existência de normas, com suas sanções e prêmios aplicáveis pelos atores beneficiários sobre os subordinados à norma; as relações de autoridade, em que um indivíduo concorda em ceder a outro o direito sobre suas ações em troca de uma compensação (financeira ou de outra espécie, como status, honra, deferência, etc.); obtenção de informações de baixo custo entre indivíduos, o que, neste caso, pode ser enquadrado como uma troca de favores, obediência a normas ou adequação a uma relação de autoridade. O que é comum a todos os casos é que está sempre presente a confiança mútua existente entre os indivíduos. Portanto, para o autor, capital social é importante porque, através do grau de confiança existente em determinadas estruturas sociais, promove a formação de arranjos institucionais capazes de gerar o desenvolvimento econômico e social de uma determinada comunidade.
            Outro autor que dedica seus estudos ao capital social é Robert Putnam. Para ele capital social é importante porque define as características da sociedade civil, e estas características afetam a saúde das democracias, das comunidades, dos indivíduos. Em seu primeiro trabalho, Comunidade e Democracia (1993), Putnam desenvolveu o conceito de capital social e sua influência sobre o desenvolvimento econômico das sociedades. Para o autor, capital social é definido como as características das redes de relações sociais, como confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas.
            Redes envolvem, quase por definição, obrigações mútuas e fomentam vigorosas normas de reciprocidade, principalmente, a que ele classifica de reciprocidade generalizada, onde ocorre uma relação de troca contínua calcada em expectativas mútuas da retribuição de favores no futuro e, sendo assim, o componente da confiança se encontra disseminado entre sua população, permitindo a formação de vínculos sociais mais densos e com interações sociais mais abrangentes. Vínculos sociais mais densos fazem a informação circular com mais eficiência e de forma mais horizontal.
            O modelo de organização em rede está se tornando uma característica no século XXI. É reconhecido quando não existe um comando único e todos os que compõem as organizações têm responsabilidades iguais e tomam decisões colegiadas, definindo-se o “modelo horizontal de gestão” que funciona como uma rede (SEMBOR, 1993; GOLDSMITH; EGGERS, 2004). A metáfora da rede de pesca é amplamente utilizada para que se tenha a percepção de cada um dos participantes da rede, configurando seus nós entrelaçados.
            Ao se articularem na forma de redes, as organizações constroem uma variedade de crenças, valores, campos de conhecimento e habilidades, ganhando força para sobreviver. De acordo com Katz e Kahn (1971), os sistemas sociais são sistemas abertos, dependem de outros sistemas sociais e sua vinculação ou integração com eles afeta todo o seu modo de operação e nível de atividade.
            Whitaker (1998) apresenta características de uma estrutura em rede que corresponde, exatamente, ao que o seu nome indica: os integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam; não há uma posição hierárquica de comando, o poder é distribuído de maneira igualitária e há um desejo compartilhado de realizar um determinado objetivo.
            No que se refere ao poder público, o estabelecimento de redes sempre pôde ser observado em ações de colaboração entre os governos e empresas privadas ou com organizações sociais voltadas à caridade para atingir as metas públicas ou para produzir os serviços que a sociedade necessita. Nos dias atuais a participação de governos nas redes é ainda maior, considerando o aumento e a complexidade das demandas sociais frente às limitações do Estado em atendê-las sozinho (GOLDSMITH; EGGERS, 2004; BRANDES et al, 2006).
            As redes de organizações têm demonstrado ser uma alternativa que traz benefícios a todos os seus integrantes, caracterizando-se pela descentralização e pelo consenso que oferecem autonomia a cada participante e fluidez à ação da rede. A tomada de decisão acontece no nível mais adequado, prevalecendo a democracia, a flexibilidade e a autonomia (CRUZ, 2006). Vale ressaltar, entretanto, que a qualidade da atividade de uma rede está baseada no grau de confiança estabelecido entre seus componentes (LOWNDES; SKELCHER, 1998; CASTELLS, 2006).
            De acordo com Whitaker (1998), pesquisas e experiências demonstram as vantagens e os resultados de ações e projetos articulados em redes, quando se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, caracterizando-se como um significativo recurso organizacional, tanto para as relações pessoais quanto para a estruturação social.
No âmbito organizacional, dentre as inúmeras vantagens que as redes proporcionam para seus participantes Goldsmith e Eggers (2004) apontam que a organização fica livre para se concentrar em sua principal missão, explorando sua melhor competência. Possibilitam, ainda, explorar uma maior gama de alternativas envolvendo uma variedade de provedores, as redes encorajando para experiências voltadas ao processo de inovação.
Redes são importantes veículos para a captação de recursos, exploração mútua e disseminação de conhecimento. Mais importante do que isso é o fato de que abrem possibilidades que seriam difíceis para uma, duas ou até mesmo três organizações, trabalhando juntas, alcançarem (AGRANOFF, 2006; CASTELLS, 2006).
O sucesso é alcançado mais rapidamente quando as organizações se articulam com outras que sabem como colaborar efetivamente para criar produtos e serviços únicos, valiosos e difíceis de serem copiados (GOLDSMITH; EGGERS, 2004). A literatura e a prática vêm se mostrando favoráveis ao modelo de organizações em rede, evidenciando ser uma alternativa viável, especialmente para a Administração Pública, no que se refere ao aumento das alternativas de produção e coprodução de serviços para a sociedade, onde ela, sozinha, tem se mostrado ineficiente.



Neste tópico se apresenta, em primeiro lugar, algumas informações sobre a APAE, o histórico do caso em estudo, missão, visão e os dados levantados a partir do Plano Municipal de Ensino; e juntamente são apresentadas as informações obtidas da entrevista com o diretor.
A Constituição Federal do Brasil, de 1988, além das garantias fundamentais gerais da pessoa humana, assegurou, também, alguns direitos específicos às pessoas portadoras de deficiências, cujo atendimento educacional especializado deve ser, preferencialmente, na rede regular de ensino (art. 208, III), nessa parcela da população escolar, entendida como “pessoas com necessidades educacionais especiais”, estão os alunos com deficiências (físicas, sensoriais e mentais) e alunos com condutas típicas e superdotados, que necessitam de acompanhamento especializado, após passarem pela avaliação diagnóstica, realizada por profissionais qualificados, que orientam o processo de ensino, o atendimento interdisciplinar e as adaptações curriculares necessárias à escolarização desses alunos, criando, na sala de aula e na escola um espaço de possibilidades diante da diversidade.
A identificação das necessidades educacionais especiais e os encaminhamentos realizados através da avaliação pedagógica e/ou psicoeducacional, definem os atendimentos e os recursos específicos para cada caso. Embasado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, ao elaborar sua proposta pedagógica, o estabelecimento de ensino, respaldado em sua autonomia, deverá prever ações que assegurem um currículo dinâmico, voltado às necessidades do aluno, prevendo, também, adaptações, inclusive no processo avaliativo, considerando as peculiaridades e a flexibilidade da aprendizagem.
            Para atingir este objetivo, faz-se necessário, prever e propiciar a capacitação continuada dos profissionais da educação, desmistificando a questão das deficiências e possibilitando oportunidades de atendimento das necessidades educacionais especiais em todas as escolas. É indispensável criar mecanismos para que o professor busque desenvolver uma prática pedagógica de qualidade com todos os alunos, incluídos ou não.         
O Poder Público e as organizações da sociedade civil são elos importantíssimos para a efetivação do acesso e permanência da pessoa com necessidades educacionais especiais no ensino, conforme preconizam os documentos oficiais e os princípios filosóficos da Educação para Todos.



APAE de Presidente Getúlio – Fundada 12/02/74, um sonho acalentado durante muito tempo, que graças ao trabalho abnegado de um grupo de pessoas se concretizou. Tudo teve início quando a Supervisora Local da Educação Srª Jutta Cabral, ao visitar escolas desse Município e dos Municípios de Dona Emma e Witmarsum, constatou a presença de muitos excepcionais. Levou-se então o problema ao Lions Clube por intermédio do participante Carlos Cabral. Prontamente o Clube interessou-se e começaram as sondagens nas APAEs de Rio do Sul, Blumenau e Florianópolis , das providências a serem tomadas , para sua fundação. No decorrer desse processo foi feito também um levantamento das crianças excepcionais, para futuras matrículas.
            Foi realizada então a primeira reunião “A REUNIÃO DE FUNDAÇÃO“, com pessoas amigas e desprendidas. Era dia 12/02/1974, foram apresentados os pais das crianças que doravante já faziam parte da futura escola. Começara a grande arrancada para a existência desta escola, que hoje é o orgulho dessa Micro – Região, chamada: Escola “FLOR DA ESPERANÇA “. Ainda em 1974, a Prefeitura Municipal de Presidente Getúlio doou um terreno de 1.487.075 m2 localizado à Rua Henrique Fuerbringer, 753, no qual foi construído inicialmente uma humilde casinha.No ano de 1975 é que começou o funcionamento com 12 alunos e 02 professoras e em 1978, já estava pequeno o espaço oferecido pela casa, fazendo-se pensar em construir um novo prédio, cujo fundamento teve que ser totalmente refeito devido a umidade excessiva do terreno.
            Em 1979, teve-se o maior cuidado em legalizar essa Associação no que se referia a documentação: Declaração de Utilidade Pública Estadual, Registro do Conselho Nacional do Serviço Social, e filiação junto à Federação Nacional das APAEs, também foi conseguido um Convênio com a Secretaria da Educação através da Fundação Catarinense de Educação Especial. Foi no ano de 1980 construída a Oficina Protegida, já planejada pela Diretoria anterior, sendo inaugurada em 01 de agosto de 1981.
            Constavam nesta época 35 educandos, 05 professores, 01 diretora, 01 secretária, devido ao aumento significativo dos alunos, em 1982 foi necessário construir mais um pavimento de 200m2, no qual foi instalado o refeitório e duas salas de aula, para atender na época 44 educandos com 6 professoras, também já havia a possibilidade de contratar um técnico, desses educandos, eram 16 do Município de Ibirama, 8 de Witmarsum, 1 de Dona Emma e 16 de Presidente Getúlio, dos quais 18 almoçavam na própria APAE.
            Em 1996 foi construída mais uma ala para a Oficina Pedagógica com 235m² , em 1998, a APAE de Presidente Getúlio possuía 3.047,075m2 de terreno com 920m² de construção e um ginásio de esportes inacabado com 875m² e no ano de 2006, a Apae de Presidente Getúlio, através de Convênio com Instituto Guga Kürsten- IGK- montou-se a Sala de Fisioterapia. A APAE de Presidente Getúlio, nestes 34 anos de exercício, atendeu vários municípios vizinhos como: Witmarsum, José Boiteux, Apiúna, sendo que estes hoje possuem sede própria. A APAE atende ainda os municípios de Dona Emma, Ibirama e Presidente Getúlio, com 72 alunos matriculados .
            A Escola Especial “Flor da Esperança” é uma Entidade Filantrópica sem fins lucrativos, de caráter educacional e está autorizada a funcionar através da Portaria /SED nº 346, de 29/ 7 /1986. Atende atualmente 72 (setenta e dois alunos) oriundos dos Municípios de Presidente Getúlio, Dona Emma e Ibirama, na faixa etária de 0 a 66 anos e tem como finalidade principal prestar atendimento especializado as pessoas com deficiência intelectual e/ou múltipla, do nascimento à fase de envelhecimento.


Promover e articular ações de defesa de direitos e prevenção, orientações, prestação de serviços, apoio às famílias, direcionadas à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e a construção de uma sociedade justa e solidária.


Promover uma busca constante pelo conhecimento científico e garantir a eficiência dos serviços desenvolvidos pela instituição, com intuito de continuar proporcionando resultados positivos para os alunos e suas famílias, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência intelectual e/ou múltipla, focados sempre em um plano de trabalho que propicie a superação de suas dificuldades e o desenvolvimento de suas potencialidades.


O Sr. Alexandro Suchara, diretor da APAE Flor da Esperança, considera a estrutura da organização como descentralizada, porém enfatiza que para o bom funcionamento necessita de parâmetros. Existe a diferença hierárquica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais para a Escola Especial Flor da Esperança, como descrito a seguir:

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é composta por 20 membros voluntários, sendo Presidente, Vice-Presidente, 1º e 2º Diretor Secretário, 1º e 2º Diretor financeiro, Diretor Patrimonial, Diretor Social, Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Procurador Jurídico. A descentralização começa por aqui, as reuniões mensais ou bimestrais (conforme demanda) tem a participação de todos, existe a distribuição de cargos e os responsáveis pelas assinaturas, mas todos são comprometidos com a causa.

Escola Especial “Flor da Esperança”. No topo da cadeia hierárquica está o diretor da instituição, porém hoje, existem reuniões mensais com toda equipe pedagógica para ser decido o futuro da escola de forma democrática e que possa abranger os anseios coletivos. A Equipe Técnica (profissionais da saúde citados anteriormente) são coordenados pela psicóloga, onde os mesmos se reúnem toda primeira terça da manhã para traçar metas e discutir ações, que posteriormente são repassadas a direção da unidade.


Hoje a equipe é composta por 25 profissionais, sendo subdivido nos seguintes cargos: 1 Diretor, 1 Secretária, 1 Orientadora Pedagógica, 8 professores em sala, 3 professores específicos (artes, educação física e informática educativa), 1 Fisioterapeuta, 1 fonoaudióloga, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Psicóloga, 1 Assistente Social, 1 Neurologista, 1 Clínico Geral, 1 Motorista, 1 Cozinheira e 2 Zeladoras.



Alunos da Redes Municipais e Estaduais que Frequentam a APAE
ANO BASE 2010
Referência
Estadual
Municipal
Particular
Total
Def. Visual



0
Def. Auditiva



0
Def. Física



0
Def. Mental
6
2

8
Def. Múltipla



0
AltasHabilidades



0
CondutasTípicas



0
OutrasNeces. Educativa Esp.



0
Fonte : APAE

Alunos da Redes Municipais e Estaduais que Frequentam a APAE
ANO BASE 2015
Referência
Estadual
Municipal
Particular
Total
Def. Visual



0
Def. Auditiva



0
Def. Física



0
Def. Mental
7
5

12
Def. Múltipla



0
Altas Habilidades



0
Condutas Típicas



0
Outras Neces. Educativa Esp.



0
Fonte : APAE


a)ESTIMULAÇÃO ESSENCIAL – Se define como programa educacional especializado, de caráter preventivo que visa dar atendimento às crianças na faixa etária de 0 à 3 anos e 11 meses que apresentam características de alto risco, atraso neuropsicomotor, síndromes, dificuldades de ordem física e/ou intelectual visando resultados significativos no seu desenvolvimento integral,a fim de possibilitar a estas,  condições básicas para sua independência pessoal, sendo que, os conteúdos serão elaborados conforme as diferentes áreas evolutivas. (Público Atendido: 08 crianças)

b) SPE (07 a 14 anos) – Viabilizar atividades de cunho pedagógico que desenvolvam no aluno aptidões necessárias nas áreas cognitiva, motora, emocional, social e acadêmica, visando o desenvolvimento de suas habilidades propondo a interação do saber escolar com o cotidiano, possibilitando a formação de indivíduos aptos para o exercício da cidadania. (Público Atendido: 10 alunos)

c) SPE (+ 17anos) - É um setor que se preocupa fundamentalmente com a manutenção de habilidades adquiridas e desenvolvimento de novas habilidades necessárias no seu dia-a-dia. O trabalho consiste em desenvolver, por meio de atividades práticas,suas capacidades, sempre respeitando seus limites e estimulando-o a superar suas dificuldades de maneira a desenvolver seu potencial. (Público Atendido: 23 alunos).

d) SAEDE/DM - Tem como objetivo geral, propiciar atendimento educacional especializado aos alunos com idade escolar entre 04 e 17 anos, que apresentam diagnóstico de deficiência intelectual ou múltipla inseridos no Ensino Regular. Este atendimento procura possibilitar avanços significativos e qualitativos no processo de ensino-aprendizagem contribuindo, também, para a sua inclusão escolar. O SAEDE/DM oferece atendimento multidisciplinar, conforme a necessidade do aluno. (Público Atendido: 07 alunos).

e) OFICINA TERAPÊUTICA PROTEGIDA - Procura promover a autonomia do aluno com ações que estimulem as habilidades cognitivas, de linguagem, motricidade, afetividade, sociabilidade, AVDs e atividades laborais tendo como centralidade o desenvolvimento de sua identidade. Envolve a criatividade, produção, responsabilidade e autoestima.(Público Atendido: 24 alunos)

f) EDUCAÇÃO FÍSICA - Prioriza as habilidades psicomotoras e a iniciação desportiva, estimulando a socialização, promovendo a saúde e o bem estar do aluno. (Público Atendido: Todos os alunos)

g) ARTES - Oportunizar aos alunos situações de vivências que propiciem o desenvolvimento de sua sensibilidade, percepção, imaginação, visando valorização de seu potencial criativo, senso de estética e a compreensão das várias manifestações culturais que existem dentro da sociedade. Portanto, serão enfatizados os aspectos de dança, música, pintura, escultura, cantigas, teatro, histórias, poesias, dramatizações, entre outros. (Público Atendido: Todos os alunos)

h) INFORMÁTICA EDUCACIONAL - Desenvolver uma metodologia de ensino, integrando as atividades de sala de aula com a informática, sendo estendida às outras áreas, a fim de ampliar novos conhecimentos, propiciando o desenvolvimento global do aluno, utilizando os benefícios do computador. (Público Atendido: Todos os alunos)

i) ATENDIMENTO PSICOLÓGICO - Visa o desenvolvimento biopsicossocial do aluno. Dos atendimentos realizados algumas modalidades se destacam, dentre elas, a avaliação psicológica (anamnese) que tem como objetivo conhecer o aluno como um todo, proceder à orientação familiar, orientação aos professores e funcionários, estudo de caso, participação em reuniões de pais e professores.

j) ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO - Promover ao máximo a capacidade motora do aluno, visando seu desenvolvimento global, facilitando as atividades de vida diária. Utiliza métodos e técnicas específicas, prestando auxílio e dando orientações a familiares e professores, quando for necessário. Tem como objetivo: Estimular o desenvolvimento neuropsicomotor normal; Normalizar tônus; Promover alongamentos gerais; Realizar fortalecimento muscular; Desenvolver o treino de equilíbrio e marcha com ou sem apoio; Promover o ortotatismo com uso de estabilizador.

k) ATENDIMENTO FONOAUDIÓLOGO - Tem por objetivo estimular a linguagem oral e gráfica, fala, audição, introduzir a comunicação alternativa; estimular Órgãos Fonoarticulatórios (motricidade orofacial) e Funções Neurovegetativas ( respiração, mastigação e deglutição). Realiza orientações aos pais e professores para o bom andamento do tratamento.

l) ATENDIMENTO TERAPÊUTICO OCUPACIONAL - Desenvolver os pacientes de forma global, observando a área física e neuropsicosocial, desenvolvendo sua AVDS e AVPS, promovendo a adequação postural dos alunos nos diversos ambientes que envolvam o cotidiano escolar e conforme necessidade, adaptação do ambiente domiciliar, visando a maior independência possível à pessoa com deficiência em suas atividades de vida diária, assim como, orientar pais e professores.

m) ATENDIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL - Promover condições que atendam as necessidades humanas básicas e o pleno desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e sua família. Busca orientar e informar quanto aos seus direitos, para que possam conviver integrados à sociedade. Atua também na prestação de serviços a nível comunitário, como facilitador do acesso aos recursos oferecidos. 

n) ATENDIMENTO MÉDICO - Oferecer atendimento e acompanhamento clínico à pessoa com deficiência, sendo este um diferencial, pois se consegue mais agilidade nos atendimentos, maior interlocução com o médico e acompanhamento sistemático da eficácia da medicação no cotidiano dos alunos. A entidade oferece atendimento médico em neurologia e pediatria.
           
Nestes 41 anos de Fundação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, muitos passaram pela Escola, mas atualmente, os alunos com Deficiência Auditiva e Visual estão inseridos nas Classes do Ensino Regular e também recebem atendimento por uma profissional especializada em Libras e Braile no Colégio Eliseu Guilherme do Município de Ibirama. Nas redes Municipal e Estadual do Município de Presidente Getúlio não conta atualmente com salas de recursos e seus profissionais não são especializados nas áreas mental, visual , auditiva, física e neuromotora. Atualmente, é oferecido o atendimento da classe do SAEDE /DM, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – Apae de Presidente Getúlio, para os alunos da Rede Regular de Ensino, que apresentam dificuldades de aprendizagem no seu desenvolvimento cognitivo, com comprovação de Deficiência Mental através de laudo diagnóstico expedido por médico neurologista.


Hoje existe um leque de recursos captados pela instituição, enfatizando que não são todos mensais, porém através de uma gestão visionaria é possível administrar a instituição com esses recursos:
Projetos com Fórum (Penas Pecuniárias – a cada 2 anos);
Projetos com IGK (Instituto Guga Kuerten – a cada 8 anos);
Projetos através de Subvenção Estadual (SIGEF);
Projetos através da RFB (Bazar de produtos aprendidos – não há previsão em relação a esses recursos)
Recurso mensal em conta especifica da APAE, através da contribuição da comunidade na conta da Celesc;
Recurso mensal em conta especifica da APAE, através da contribuição da comunidade na conta da VIACREDI;
Programa de captação de recursos com placas publicitarias instaladas no ginásio de esportes;
Convênio com a Prefeitura Municipal de Presidente Getúlio;
Convênio com a Prefeitura Municipal de Dona Emma;
Recurso Mensal da Esfera Estadual através da Lei Júlio Garcia (Lei nº 13.334, de 2005, que “Institui o FUNDOSOCIAL destinado a financiar programas de apoio à inclusão e promoção social)
Recurso Mensal da Esfera Nacional, através da contratualização com o SUS (A contratualização vai permitir que as APAE(s) sejam reembolsadas, pelo SUS, por serviços médicos prestados a portadores de deficiência mental ou autismo que necessitam de estimulação neuro-sensorial). 
Repasse mensal da Secretaria de Assistência Social de Presidente Getúlio referente ao Serviço Prestado à Média complexidade, tipificado na resolução 109/2009.
Doações espontâneas (geralmente não identificadas).


Venda de Pasteis no Carnaval de Rua;
Venda de Pasteis na Expofeira Estadual do Leite;
Locação do Estacionamento do Supermercado Nardelão (cedido sem ônus para instituição) durante a Expofeira Estadual do Leite;
Pedágio da APAE em parceria com a RBS;
O Tradicional Risoto em Agosto, esse ano será a quarta edição. Esse evento acontece em agosto, pois de 21 a 28 é comemorado a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual ou Múltipla;
Rifa Natalina.


Hoje no Brasil existem mais de 2.200 APAEs. Em Santa Catarina são 190 APAEs, que atendem todos os 295 municípios catarinenses. Onde não há, a instituição busca atendimento especializado na cidade vizinha. Em Santa Catarina essas 190 APAEs são divididas em 18 Conselhos Regionais.
Até dia 27 de julho de 2015, a relação da APAE com a esfera pública (prefeituras, governo estadual), se dava através de convênios e parcerias entre APAE diretamente com a esfera pública. A partir de então, com a Lei 13.019/14 conhecida como Marco Regulatória a relação muda, ao ponto que será necessário participar de chamamento público para acessar recursos públicos, e a palavra convênio será abolida, a nova termologia adotada será Termo de Colaboração e Termo de Fomento.
A iniciativa privada tem uma representação com força e comprometimento, e sem ela, não seria possível a realização de todas as atividades da APAE. A comunidade participa desde a escolha da Diretoria da Associação até a execução dos sonhos e projetos da Escola. De forma resumida, todo sócio contribuinte deve assinar um termo na instituição para ser legível a voto nas eleições a cada três anos e também os dá direito de ser membro da futura diretoria (Direito a voto e ser votado). Na realização do pedágio anual, cada munícipe além de abrir o vidro de seu carro e contribuir financeiramente com a APAE, os motiva com palavras. Hoje há um Termo de Voluntariado para as pessoas que por benevolência podem ajudar internamente a instituição.
Talvez um dos grandes gargalos de toda instituição são as famílias. É necessário que a família das pessoas auxiliadas esteja envolvida no processo integral de formação ou reabilitação de seus filhos, sendo deficientes ou não, mas a terceirização da educação não acontece somente nas casas dos “ditos normais”. São criadas ações ou mesmo situações que envolvam as famílias na vida diária de seus filhos, como clubes, encontros, viagens.
As parcerias são bem diversificadas, desde monetárias até ajudas que são contabilizada como recursos financeiros, como exemplo: salões que cortam cabelos de alunos; despachantes e advogados que não cobram seus honorários e voluntários que ajudam em promoções ou obras internas.
Uma dificuldade a ser apontada em relação a parcerias pode ser o canal de comunicação. Atualmente houve uma mudança muito grande de paradigma, até um tempo as APAEs eram vistas como entidades assistencialistas, mas na verdade as APAEs são instituições de caráter privativo sem fins econômicos que prestam serviços preferencialmente na área da Assistência Social, abrangendo também as áreas da Educação e Saúde. Talvez esse posicionamento ainda é um pouco complicado de ser compreendido. Um ponto a favor, é que hoje as APAEs são vistas como o maior movimento social do mundo.
            A confiança é uma característica presente na instituição, e começa quando os pais procuram a APAE para buscar uma melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. É necessáro confiar na instituição para a construção de uma sociedade justa e solidária, que é uma missão da mesma. A cidadania na APAE pode ser representada por valores como: particpação das famílias e sociedade, cooperação, respeito às pessoas com qualquer tipo de deficiência.
            O aprendizado coletivo faz com que todos aprendam com todos. A sociedade aprende a respeitar as diferenças; as familias aprendem a melhor se relacionar com seus filhos; os alunos adquirem um maior ensino e aprendizado, fazendo com que haja uma melhoria na qualidade de vida; a esfera pública aprende que é necessário uma relação e contribuição para uma melhor sociedade.
            A colaboração ocorre através dos alunos que são atendidos na instituição; dos pais que possibilitam aos seus filhos a ajuda e o ensino da APAE; da esfera pública, através dos convênios e recursos disponibilizados; da iniciativa privada que ajuda com incentivos como recursos financeiros; e da sociedade que contribui espontaneamente através de recursos finaceiros ou até mesmo palavras de motivação.
            A responsabilidade está presente na vida de todos os envolvidos. Os benefícios e o sucesso da instituição, junto com suas dificuldades e fracasso, influenciam nos resultados obtidos. O resultado beneficia principalmente aos alunos, que através da instituição recebem o apoio necessário para melhorar a própria qualidade de vida e superar suas dificuldades e desenvolver suas potencialidades.
            Enfim, constata-se a existência de Coprodução na APAE Flor da Esperança através da ligação entre os diversos entes da sociedade. Quanto mais intensa esta ligação, maior a confiança existente e consequentemente maior o capital social. A predominância das redes na estrutura organizacional propicia melhores resultados e fortalece a presença da governança pública na busca de maior desenvolvimento da sociedade no âmbito da educação especial.


A co-produção constitui-se uma alternativa relevante para o provisionamento de bens e serviços públicos, por meio da ação conjunta de governo, servidores públicos e cidadãos na defesa e implementação do interesse público.
É essencial que a população possa usufruir de um atendimento educacional especializado. A APAE de Presidente Getúlio pode ser citada como exemplo de instituição com coprodução e continuadamente na busca de melhorias para maior aproveitamento de  seus alunos e comunidade.
As diversas parceiras estabelecidas com o Poder Público, sociedade civil e iniciativa privada são de suma importância para a garantia dos direitos fundamentais da pessoa humana, da busca de maior dignidade e melhores condições de vida para os que mais necessitam deste tipo de atendimento.
O estudo da co-produção do bem público é um campo vasto em que muitos aspectos ainda podem ser estudados, contribuindo para o desenvolvimento das comunidades e para o fortalecimento dos ideais democráticos que devem nortear uma nação.



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